O jornalista Luiz Cláudio Cunha escreveu um artigo crítico e direto sobre os grandes pastores tele-evangelistas brasileiros e estendeu seus pensamentos sobre a influência da teologia da prosperidade na doutrina praticada pelas igrejas neo-pentecostais.
Em seu texto, Cunha afirma que “incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares”, numa menção à renovação de contrato entre a Igreja Internacional da Graça e a emissora do bairro do Morumbi, em São Paulo.
Sobre os programas religiosos na televisão, Cunha se mostra inconformado com o dinheiro empregado para que tais pastores se mantenham na televisão e critica também a sociedade, que assiste a “onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas”.
Sobre o pastor Silas Malafaia, a quem chama de “Trovão homofóbico”, o jornalista afirma que o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo “fala muito” e “importa dos Estados Unidos especialistas nesta riqueza material”, numa referência à parceria de Malafaia com Mike Murdock.
Valdemiro Santiago não escapou das rigorosas críticas do jornalista, que o classifica de “bispo sertanejo” e afirma que o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus tem preferência por arrecadações volumosas e simples de ofertas: “o bispo sertanejo imaginou outra forma esperta de arrecadar dinheiro fácil, mas desta vez sem choro. Criou a campanha do “Martelinho da Justiça”, um pequeno, baratinho malho de madeira capaz de quebrar mandingas, maus-olhados e ‘as pedras que atravessam os seus caminhos’. A clava fajuta de Valdemiro, que despertaria a inveja do grande Thor, devia ser canonizada como a mais cara do mundo: cada oferta pelo martelinho tinha o mínimo de R$ 1 mil”.
O líder da Igreja Universal do Reino de Deus também foi alvo das observações do jornalista Luiz Cláudio Cunha, que responsabiliza o bispo Edir Macedo pelo surgimento da corrente neopentecostal adepta da teologia da prosperidade: “A primeira semente deste ostensivo neopentecostalismo brotou no Brasil com a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo”.
Sobre a teologia da prosperidade, Cunha fala sobre a capacidade de arrecadação das igrejas, motivada pela ambição de conquista dos fiéis e seus líderes: “A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados. O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso”.
A TV Globo e seu Festival Promessas não escaparam aos comentários de Luiz Cláudio Cunha, em seu texto publicado no site Sul 21. Para ele, a “conversão da Globo” se deve ao potencial do mercado evangélico brasileiro: “O olho cúpido e republicano da Globo está mirando um mercado de música gospel que o The Guardian estima em R$ 1,5 bilhão, um paraíso econômico onde se irmanam crentes, artistas, emissoras laicas, pastores, espertalhões, vigaristas e políticos de todas as crenças, devotos todos do santo dinheiro que cai do céu diretamente em seus bolsos”.
O jornalista ainda afirma que “os querubins globais sussurram nos corredores da ‘Vênus Platinada’ que os direitos de comercialização e os espaços publicitários do festival renderam à Globo algo entre R$ 35 milhões a R$ 55 milhões, o suficiente para remir muitos pecados, dúvidas e dívidas, aqui na terra e lá no céu”.
Em uma áspera crítica à participação de duas evangélicas no Big Brother Brasil, o jornalista afirma que “não se sabe ainda o tamanho do fio-dental que as duas evangélicas vão exibir na casa mais vigiada do Brasil, nem o salmo que irão recitar debaixo do edredom, cercadas por tantas câmeras indiscretas. Não deixa de ser simbólico que, cinco séculos após ser cravado nos portões da igreja de Wittenberg, o credo rigorosamente puritano e austero fundado pelo cisma de Luterano infiltre duas crentes assanhadas e iconoclastas no cenário conspícuo do programa mais ímpio da maior rede brasileira de TV aberta”.
Confira a íntegra do artigo de Luiz Cláudio Cunha:
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