Primeira escola para travestis é inaugurada e divide opiniões
Bachillerato Popular Mocha Celis é a primeira
escola para travestis que se tem notícia. Ela foi inaugurada na
Argentina e funciona no bairro de Chacarita, na capital. A instituição
funciona em um prédio compartilhado com outros projetos sociais.
Seu nome é uma homenagem a um travesti argentino que não sabia ler
nem escrever. Celis trabalhou como prostituta em Buenos Aires. Estima-se
que 90% das travestis argentinas vivam de fazer programas. Quando era
presa, sempre precisava de ajuda para entender o que lhe davam para
assinar. Ele foi assassinado, mas a polícia nunca apontou os culpados.
Na Argentina, a estimativa de vida dos travestis é de 35 anos.
A escola segue a proposta de educação do pedagogo brasileiro Paulo
Freire. São lecionadas literatura, cooperativismo, matemática, noções
digitais, memória e reconhecimento trans, entre outras matérias. O curso
tem duração total de três anos.
A ideia de fundar a escola surgiu em 2011. As primeiras aulas
começaram apenas no mês passado e está com inscrições abertas até 20 de
abril para quem completou o ensino fundamental. Hoje são 25 alunos e
alunas, mas nem todos são travestis ou transexuais. A escola aceita
qualquer aluno.
Os fundadores da escola dizem que pretendem mudar a forma
convencional de educar. As aulas são dadas em mesas redondas, para que
os professores estejam em posição de igualdade aos alunos. Sua intenção é
“ir além dos livros didáticos” que normalmente ensinam que meninos usam
azul e meninas, rosa. Usa-se “as” transexuais para as garotas que
nasceram garotos mas se vêem como mulheres e “os” transexuais para a
situação contrária. Todos são chamados pelos nomes que escolheram ter.
“A maior parte da população travesti deixa a escola por causa do
preconceito”, diz Francisco Quiñones, um dos criadores e hoje
coordenador da escola. “Nós queremos lhes dar a possibilidade de se
formar e ter uma opção de vida que não seja a prostituição. Na escola
regular, as transexuais se sentem violentadas desde a chamada de classe,
quando geralmente se usa o nome de nascença. O mesmo para o caso de
garotos”, explica.
A iniciativa não agradou a Toni Reis, presidente da Associação
Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
(ABGLT). Reis acredita que travestis e transexuais não deveriam
freqüentar escolas especiais, pois “serão criados em uma bolha”, e não
vão estar preparados para se reintegrar à sociedade.
“Nós compartilhamos o problema, mas preferimos trabalhar de outra
maneira. Em um estudo recente da Unesco, contatou-se que 40% dos
estudantes masculinos da educação básica não gostariam de estudar na
mesma sala que um estudante gay e 60% dos profissionais de educação não
sabem como lidar com essa questão na sala da aula”, defende o presidente
da ABGLT.
Hoje, 20 estados brasileiros já aceitam que o “nome social” de
travestis e transexuais seja usado no lugar do nome na certidão de
nascimento.
Com informações Yahoo e Jezebel Brasil
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