Nova testemunha garante que presos são obrigados a pagar o dízimo no presídio do Carumbé
O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) continua investigando as denúncias de que representantes da Igreja Universal do Reino de Deus
estariam cobrando o dízimo dos presos que estão na ala evangélica do
Centro de Ressocialização de Cuiabá, o presídio do Carumbé.
Uma testemunha que não quis se identificar deu depoimento confirmando
que é obrigada a pagar o dízimo semanalmente para que seu filho
continue na ala. “Eles são obrigados a pagar dízimo todo domingo. O
quanto a gente levar tem que dividir com eles”, ressalta a testemunha.
Na última sexta-feira polícias estiveram no presídio apreendendo
materiais que possam comprovar essas denúncias. “Lá dentro são os
pastores mesmo. Lá dentro tem os presos que são pastores, que ficam
responsáveis em arrecadar [dinheiro] de quem é aqui de fora”.
Essa mãe denunciou que realmente que não paga o dízimo sofre
represarias e é humilhado. “O preso fica sofrendo represália lá dentro,
humilhado, forçado a fazer coisas. Provocam o preso para a briga, tudo
isso lá dentro. Inclusive perigoso sair morte, porque é cada um por si.
Quem tem parente lá dentro é assim, tem que ficar rezando para não
acontecer nada”.
O presídio de Carumbé tem 1.250 detentos, destes, 700 estão na ala
evangélica que é coordenada pelas igrejas Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus
e Deus é Amor. O diretor do Centro de Ressocialização disse em
reportagem ao G1 que já havia recebido denúncias sobre a exigência dessa
contribuição.
“Nós tínhamos feito algumas reuniões e pedido para eles que mudassem o
jeito de tratar os próprios colegas de celas e que parassem de cobrar
se por acaso estivessem cobrando essa quantia que eles estavam dizendo.
Até agora as denúncias que temos, nada comprovado, é que trata-se da
Igreja Universal”, disse Dilton Matos de Freitas.
O dízimo seria a 10ª parte do auxílio reclusão que as famílias dos
detentos recebem, o que para o MPE é ilegal. “Não tem como o preso ser
obrigado a isso porque ela já tem a liberdade restringida”, disse o
promotor de justiça Joelson de Campos Maciel.
Com informações G1
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