Tropas sírias teriam pedido para mães escolherem quais filhos elas queriam que fossem executados durante um ataque contra um vilarejo no sul do país, revelou o jornal britânico The Times.
Segundo testemunhas, homens da milícia pró-regime shabiha teriam executado crianças neste fim de semana, na aldeia de Ataman, perto de Deraa. O grupo, que apoia o presidente Bashar al-Assad, teria reunido moradores na praça principal do vilarejo e ordenado rebeldes a se entregar sob a ameaça de executar as crianças do povoado, se os dissidentes não obedecessem o chamado.
Shadi al-Hari, um estudante de 21 anos, estava com sua tia e seus dois primos, Omar, de 16 anos, e Shadi, de 5. Um dos membros da milícia pegou os dois meninos e perguntou para sua tia quem ela queria que morresse, revelou al-Hari. Como ela não conseguiu escolher entre os dois filhos, o homem atirou no adolescente.
“Ele matou o mais velho na frente dela. Atiraram em sua cabeça. Minha tia teve um colapso no meio da rua”, contou o estudante ao Times.
Os sobreviventes do massacre em Ataman fugiram para um campo de refugiados na Jordânia, onde contaram a repórteres sobre o cerco no vilarejo. Segundo testemunhas, Ataman foi tomada por 250 tropas do governo, que chegaram em cinco ônibus e cercaram os moradores para eles saírem de seus esconderijos, a maioria se escondia em porões, e, então, usá-los para negociar com os rebeldes.
Relatos de violência cada vez mais chocantes, envolvendo crianças e mulheres, se tornaram frequentes nos últimos meses na Síria. Na semana passada, um atentado no coração do regime Assad foi visto por analistas como o início da etapa final do conflito, mas a comunidade internacional teme que o país mergulhe em um conflito sectário depois da queda de Assad.
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Fonte: O Globo