Os
últimos 20 anos representam para o quadro das religiões no Brasil o
período de maior transformação. Desde 1872, ano do primeiro levantamento
considerado na série histórica, os católicos representavam quase a
totalidade da população, com mais de 90% de seguidores. Dados do IBGE
mostram que, a partir de 1970, o catolicismo começou a não acompanhar o
ritmo de crescimento da população, ao mesmo tempo em que correntes
evangélicas se expandiam à medida que cresciam periferias e formavam-se
novos municípios. A partir de 1991, esse processo se deu de forma mais
acelerada, a ponto de, na última década, ser registrada a primeira perda
real – em números totais – de católicos no Brasil.
Pesquisadores acreditam que, até 2030, as igrejas católicas contarão
com menos de 50% da população brasileira. Em 2040, pelas projeções,
católicos e evangélicos estariam empatados. A notícia é ruim para o
Vaticano, afinal, a tendência brasileira de pluralidade implica,
necessariamente, em perda de poder da Igreja. O Brasil ainda é,
atualmente, o único entre os 10 países mais populosos do mundo com nação
majoritariamente católica. Mas uma préviado novomapa religioso do
Brasil, que se consolida para as próximas décadas, está no estadodo Rio
deJaneiro.
Mais precisamente no entorno da capital, áreaem que o Censode 2010
identifica como a de maior pluralidade religiosa e onde os católicos têm
a menor fatia de seguidores. O Rio é o estado onde havia, em 2010, os
menores percentuais de católicos (45,8%) e os maiores índices dos sem
religião (15,5%) e das outras religiões (sem considerar os evangélicos,
que também cresceram no estado e chegaram a 29,4%).
A razão para crer que este cenário se repetirá, em intensidades
diferentes, mas na mesma direção, está no fato de o território
fluminense historicamente ‘puxar’ a tendência nacional. Com base no
censo de 2010, José Eustáquio Diniz, Suzana Cavenaghi – ambos
professores do Instituto Nacional de Estudos Populacionais e Pesquisas
Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) – e Luiz
Felipe Walter Barros, do IBGE, concluíram que os estados onde há maior
diversidade religiosa são os que apresentaram maior queda no número de
católicos.
Fonte: Revista Exame
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