O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) participou do programa “Poder e Política – Entrevista”, conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues e que pode ser acessado no site UOL. Ele afirmou que da maneira em que se encontra o projeto que torna crime atividades homofóbicas não agrada à Frente Parlamentar LGBT, nem agrada a setores do movimento LGBT. Para ele o texto cria um novo tipo penal e reduz a homofobia a uma mera questão de agressão e assassinatos.
O deputado que se classifica publicamente como primeiro homossexual assumido, sem homofobia internalizada e ligado ao movimento LGBT a entrar para a Câmara dos Deputados, disse ainda que a atual forma que a homofobia é tratada ela já está prevista no Código Penal. “O que o Código Penal não prevê é um motivação homofóbica. E aí o projeto, o parecer anterior que é da senadora Fátima Cleide [do PT-RO] é muito mais amplo, porque ele contempla, ele prevê a motivação homofóbica, mas ele trata de outras expressões da homofobia, como a injúria por exemplo” afirmou o parlamentar
Indagado pelo entrevistador se poderia descrever o que considera adequado para que fosse estabelecido como crime de homofobia, Jean Wyllys disse que primeiro é preciso promover o discernimento já que há “muito preconceito em relação a esse projeto, muita distorção, muitos equívocos sendo divulgados em relação a esse projeto. A ideia, por exemplo, de que se o projeto for aprovado ninguém vai poder chamar o outro de veado numa partida de futebol, torcidas rivais não vão poder fazer piadas nesse sentido”. Jean nega que seja este o sentido. Segundo ele, o projeto prevê a proteção da comunidade LGBT contra a injúria e contra o impedimento do acesso ao direito. Ele cita como exemplo expressar publicamente seu afeto no teatro, no shopping center e não ser banido desses lugares por conta disso.
Sobre a homofobia ligado as religiões, Jean Wyllys, disse elas têm liberdade para propagar da maneira que elas melhor escolheram e definiram os seus valores. E isso lhes é garantido pela Constituição e cabe a todos defender este ponto. “Os pastores são livres para dizer no púlpito de suas igrejas que a homossexualidade é pecado, já que eles assim o entendem. Entretanto, eu não acho que os pastores que estão ali explorando uma concessão pública de rádio e TV tenham que aproveitar esses espaços para demonizar e desumanizar uma comunidade inteira, como é a comunidade homossexual”, afirmou.
O parlamentar destacou porém, que se os religiosos, sejam padres ou pastores, incitarem a violência, se justificarem as violências todas praticadas no país contra homossexuais por meio de um entendimento que a homossexualidade é uma degeneração, que a homossexualidade é uma doença, que a homossexualidade é um pecado grave e mortal, a lei deve ser aplicada com rigor.
Jean disse também que se um religioso afirmar que “homossexualidade é pecado” não há nada a ser condenado porque a pessoa irá justificar a afirmação dele. Indagado sobre o considera ser uma “frase inaceitável” Jean disse que as igrejas que financiam programas de recuperação e de cura de homossexualidade são inaceitáveis. “E o pastor promover esse tipo de serviço nos seus cultos e dizer: “Vocês, homossexuais, venham para os nossos programas de terapia e de cura de homossexualidade”. Homossexualidade não é uma doença. E afirmação de que homossexualidade é uma doença gera sofrimento psíquico para a pessoa homossexual e para a família dessa pessoa”, afirmou.
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