Líder católico chama judeus de “inimigos da igreja” e recebe criticas
Durante uma conferência realizada em Ontário, Canadá, em
28 de dezembro de 2012, monsenhor Bernard Fellay, Superior Geral da
Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fez uma série de criticas a alguns
procedimentos do Vaticano durante os dois últimos anos.
Durante as duas horas de sua fala, ele reclamou diante dos membros da
Fraternidade do fracasso das conversas com Roma sobre uma reintegração
da Fraternidade na Igreja. Mas ao afirmar que “os judeus, os maçons e os
modernistas” eram “inimigos da Igreja” acabou gerando uma grande
polêmica ao ser postada no Youtube. Grupos de defesa dos judeus
classificaram as declarações como antissemitas, reascendendo um debate
de séculos.
Segundo Fellay, estes “inimigos” querem que Roma “obrigue” a
Fraternidade a aceitar as decisões do Concilio Vaticano II (1962-1965).
Para o monsenhor, isso mostraria que o Concílio é “coisa destas pessoas
do exterior da Igreja, que ao longo dos séculos, foram claramente
inimigos da Igreja” e se beneficiam com o Vaticano II. Ele ressaltou
ainda o mal que a influência da maçonaria teria causado no Vaticano em
anos passados.
Depois de várias criticas, somente agora o Vaticano se pronunciou a
respeito. O cardeal suíço Kurt Koch, “ministro” do Vaticano nas relações
com o judaísmo, lembrou que a encíclica “Nostra Aetate” é a “Carta
Magna” do diálogo com os judeus e lembrou as “raízes judaicas do
cristianismo”.
Por sua vez, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi,
garantiu que a Igreja Católica estava “profundamente empenhada no
diálogo” com o judaísmo e que a posição da Santa Sé sobre essa questão é
bem “clara e conhecida”. Ressaltou ainda que Bento XVI durante suas
viagens, visitou a sinagogas “de Colónia a Nova Iorque, de Roma e
Jerusalém”.
Por sua vez, Fellay emitiu nota ressaltando que a palavra “inimigos”
foi usada aqui como um conceito religioso para referir-se a qualquer
grupo que se oponha à missão da Igreja Católica que é a salvação das
almas.
Segundo a nota “Este contexto religioso se baseia nas palavras de
nosso Senhor Jesus Cristo segundo consta nos Santos Evangelhos: “Quem
não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha.”
(Mateus 12: 30)
Ao referir-se aos judeus, comentário de Mons. Fellay referia-se aos
líderes das organizações judias, e não ao povo judeu. Consequentemente, a
Fraternidade de São Pio X denuncia as falsas acusações reiteradas de
antissemitismo ou de discurso de ódio feitas com a finalidade de
silenciar a sua mensagem”.
O problema é que, em 1985, um dos fundadores da Fraternidade, Dom
Marcel Lefebvre, listou os inimigos da fé como sendo “judeus, comunistas
e maçons”.
O papa Bento 16 teve uma série de discussões doutrinais com a
Fraternidade São Pio X, em 2009, chegando a excomunhões impostas aos
seus quatro bispos, pois foram ordenados em 1988 sem a aprovação papal.
Mas já expressou suas esperanças que a Fraternidade poderia voltar à
plena comunhão com a Igreja.
Em 2011, quando o Vaticano deu os líderes da Fraternidade um
“preâmbulo doutrinal” que define os princípios e critérios necessários
para garantir a fidelidade à igreja e ao seu ensino, eles se recusaram. Traduzido de Huffington Post e Catholic News.
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