O novo filme do austríaco Ulrich Seidl, Paradise Faith, que compete com outros 17 filmes pelo Leão de Ouro na Mostra de Veneza, provocou escândalo na última sexta-feira (31/08) por causa de uma cena em que a protagonista usa o crucifixo para se masturbar. O filme faz parte da trilogia Paradise: Paradise: Love e Paradise: Hope.
“Faith causa escândalo”, afirma o jornal italiano Coriere della Sera ao resenhar o filme protagonizado por uma operadora de aparelho de raios X, chamada Anna Maria, uma fervorosa católica que se flagela, usa o cilício e caminha pela casa de joelhos, até que, em cena “quente”, ela lentamente tira o crucifixo da parede de seu quarto, o acaricia e o beija. Torna a beijá-lo e beijá-lo, cada vez mais intensamente, e finalmente se masturba com ele sob as cobertas.
O filme arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção à imprensa especializada e, provavelmente, provocará reações na Itália e no Vaticano.
No longa, a personagem Anna Maria decide percorrer toda a cidade de Viena com uma imagem da Virgem Maria, de cerca de quarenta centímetros nas mãos, batendo de porta em porta para convencer as pessoas a se unirem ao cristianismo. O retorno inesperado após anos de ausência de seu marido, um muçulmano egípcio, em uma cadeira de rodas, ‘reforça sua fé’.
“A protagonista não entende que a adoração cega por Cristo a converte em um ser inumano, incapaz de sentir amor e de comunicar a mais importante virtude cristã: amar ao próximo”, comentou o diretor.
Entrevistado pelo site The Hollywood Reporter, Ulrich Seidl se diz “satisfeito” com a reação da crítica. “Sempre que faço um filme, eu procuro uma maneira de mostrar a verdade, ou pelo menos a verdade como eu a vejo. Mas levo em conta que alguém pode não gostar de ver a realidade que estou retratando. Para a história da personagem no filme, é certo mostrar ela se masturbando com uma cruz, porque ela está tentando fazer amor com Jesus, procurando satisfazer seus próprios desejos. Só porque trata-se de um tabu não significa que não vou mostrar isso. Eu prefiro tumulto ao silêncio”, defendeu-se.
Fonte: Veja e Cinema em Cena
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